14 de Dezembro
S. João da Cruz,
presbítero e doutor da Igreja
Foi no ano de 1542 que em Fontiberos, pequena localidade de Castela, nasceu João da Cruz, hoje venerado como grande Santo na Igreja. Depois da morte prematura do pai, a mãe com seus quatro filhos se mudou para Medina del Campo, onde João iniciou os estudos e entrou na Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Desde a infância o distinguiu sempre uma terna devoção a Maria Santíssima, que mais uma vez lhe salvou a vida, milagrosamente. O que raramente se observa em meninos: O desejo da mortificação, em João era bem pronunciado, quando contava apenas 9 anos. Escolhendo para si um leito duro, poucas horas de sono dava ao corpo, castigando-o ainda com jejuns assaz rigorosos. Estudante , ainda tinha por ocupação predileta visitar doentes nos hospitais e prestar-lhes serviços de enfermeiro.
Uma vez feito religioso, não se satisfazia com as praxes disciplinares usuais: Tinha o intento de moldar a vida religiosa pelo rigor antigo da Ordem . Tendo chegado o dia da celebração da primeira Missa, examinou a consciência com o maior escrúpulo; não achando falta com que tivesse gravemente ofendido a Deus, deu muitas graças, pedindo a Nosso Senhor, que o preservasse sempre do pecado mortal. Esta oração foi ouvida, concedendo-lhe Deus a graça da inocência até a morte. Alcançou na perfeição um grau tão elevado, que na sua vida não há exemplo de pecado venial deliberado. Santa Teresa de Jesus, que foi sua contemporânea, considerava-o santo, e afirma que nunca lhe observou a mínima falta. A mesma Santa conheceu São João da Cruz, por ocasião da fundação dum convento em Medina del Campo. João, levado pela inclinação à vida austera, tencionava entrar na Ordem dos Trapistas, mas antes de tomar qualquer resolução definitiva neste sentido, pediu o conselho de Santa Teresa. Esta lhe disse, que mais acertado, andaria por ser mais do agrado de Deus, se permanecesse na Ordem Carmelita, e se incumbisse também da reforma da disciplina regular; era esta a vontade de Deus. João apresentou este plano a Deus nas orações e ao confessor, e decidiu seguir a opinião de Santa Teresa. Em pouco tempo, conseguiu a graça de Deus a reforma de alguns conventos da Ordem. A opiniões contrárias fechava os ouvidos, dizendo que o caminho estreito para o Céu, não exigia causa de menos valor.
Só Deus conhece os sofrimentos, perseguições e injúrias de que o reformador foi alvo no cumprimento da nobre missão. João não procurava a honra própria. O amor de Deus era a única força motriz que o impelia a trabalhar e sofrer. Jesus Cristo, em uma aparição com que se dignou de distinguir a seu servo, perguntou-lhe pela recompensa que esperava pelos trabalhos e sofrimentos. João respondeu: "Não outra coisa, Senhor, do que sofrer por vosso amor e ser desprezado pelos homens."
Eram três coisas que pedia a Deus, lhe concedesse: Primeiro, dar-lhe força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não o fazer sair deste mundo como superior de uma comunidade e terceiro, deixá-lo morrer desprezado e escarnecido pelos homens. Este desejo de ser desprezado, era fruto da meditação constante sobre a Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo. Falando neste grande mistério da nossa Religião, o semblante ardia-lhe, e durante a celebração da santa Missa, era freqüente o estado extático, e dos olhos lhe corriam abundantes lágrimas. Nosso Senhor |Jesus Cristo, mostrou-se-lhe uma vez na figura que tinha, quando morreu na cruz. Esta imagem ficou tão profundamente gravada na memória do santo, que não podia recordá-la sem chorar.
A todos que com ele se relacionavam, João da Cruz recomendava com muito empenho e devoções ao Salvador crucificado, à Santíssima Trindade, ao Santíssimo Sacramento. Os pecadores mais empedernidos não resistiam à eloqüência e ao zelo do fervoroso carmelita e muitos lhe deveram a conversão. É inegável que a graça divina muito o auxiliou, na grande influência que exercia sobre os corações. A muitos pecadores desvendou os pecados mais ocultos, em muitos casos predisse o futuro, doentes desenganados recuperaram a saúde em virtude de sua palavra. Muitas vezes lhe apareciam Maria Santíssima, São José, São João e o próprio Salvador. Memoráveis são as aparições, com que foi consolado durante a prisão de nove meses, a que injustamente fora condenado.
Em 1591, foi o fiel servo de Deus chamado à recompensa. Uma longa e dolorosa doença precedera-lhe a morte. Quando os médicos lhe comunicaram a incurabilidade da moléstia, disse João as palavras do salmista: “Muito me alegrei em ouvir isto; hei de entrar na casa do Senhor”. Meia hora antes da morte, mandou reunir os confrades, exortou-os à perseverança e disse: “São horas de eu partir”. Quando ouviu o sino bater meia-noite, hora em que a comunidade costumava cantar as matinas, exclamou: “Eu as cantarei no céu!”. Depois, tomou o crucifixo nas mãos, beijou-o ternamente, dizendo: “Em vossas mãos, eu encomendo o meu espírito”.
São João da Cruz, figura entre os mestres da teologia mística. Escreveu as seguintes obras: “A Subida ao Carmelo” - “A Noite Escura da Alma” - “Cântico Espiritual Entre a Alma e o Cristo” – “A Viva Chama de Amor” e “Os Espinhos do Espírito”. São obras clássicas que lhe merecem o título de Doutor da Igreja, com que Pio XI o distinguiu em 24 de agosto de 1926.
Reflexões
Na primeira santa Missa, São João da Cruz pediu a Deus a graça de ficar isento de todo o pecado mortal. Em outra ocasião, pediu para sofrer muito, trabalhar pela glória de Deus e ser desprezado e ludibriado por amor de Cristo. Bem diferente é nossa oração. Que é que pedimos a Deus? Em que intenções prometemos a Deus santas Missas, jejuns e romarias? Não é quase sempre para obtermos favores materiais, restabelecimento da saúde, felicidade nos negócios, etc. Os interesses de nossa alma não são muito mais elevados? E deles, no entanto, não nos lembramos. Por que não fazemos petições e promessas para alcançarmos a graça da perseverança, a graça de ficarmos livres do pecado mortal, de vencer paixões e vícios? Devemos pedir a Deus tudo aquilo que é útil e necessário para nossa salvação.
Fonte: Página Oriente
Fonte: Página Oriente
Memória
Comum dos Pastores da Igreja: pp. 482 ss.
ou Comum dos Doutores da Igreja: pp. 523 ss.
LEITURA I 1 Cor 2, 1-10a
«Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta»
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Quando fui ter convosco, irmãos,
não me apresentei com sublimidade de linguagem
ou de sabedoria
a anunciar-vos o mistério de Deus.
Pensei que, entre vós, não devia saber nada
senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado.
Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor
e a tremer deveras.
A minha palavra e a minha pregação
não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana,
mas na poderosa manifestação do Espírito Santo,
para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana,
mas no poder de Deus.
Nós falamos de sabedoria entre os perfeitos,
mas de uma sabedoria que não é deste mundo,
nem dos príncipes deste mundo,
que vão ser destruídos.
Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta,
que já antes dos séculos
Deus tinha destinado para a nossa glória.
Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu;
porque se a tivessem conhecido,
não teriam crucificado o Senhor da glória.
Mas, como está escrito,
«nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram,
nem jamais passou pelo pensamento do homem
o que Deus preparou para aqueles que O amam».
Mas a nós Deus o revelou por meio do Espírito Santo.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 36 (37), 3-4.5-6.30-31 (R. 30a)
Refrão: A boca do justo proclama a sabedoria.
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo.
Põe no Senhor as tuas delícias,
e Ele satisfará os anseios do teu coração.
Confia ao Senhor o teu destino
e tem confiança, que Ele actuará.
Fará brilhar a tua luz como a justiça
e como o sol do meio-dia os teus direitos.
A boca do justo profere a sabedoria
e a sua língua proclama a justiça.
A lei de Deus está no seu coração
e não vacila nos seus passos.
EVANGELHO Lc 14, 25-33: p. 634
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Santo Esperidião
(14 de Dezembro)
Esperidião nasceu em 270, na cidade de Trimitous, em Chipre, Grécia. De família humilde, não teve possibilidade de estudar. Casou-se e, para sustentar a família, se tornou um pastor de cabras. Teve uma filha chamada Irene, que se consagrou a Deus. Com a morte de sua esposa, decidiu seguir a vida religiosa e dedicar-se somente a Cristo.
Estudou primeiro na escola catequista da Alexandria, mas preferiu seguir a vida monástica na comunidade religiosa de santo Antônio, abade, também no Egito. Mais tarde, a Igreja o chamou para exercer o ministério episcopal, sendo consagrado bispo da sua cidade natal. Nessa função ele conservou a mesma austeridade da vida monástica, demonstrando, sempre, que essa era a de sua preferência.
Esperidião era um taumaturgo, fora agraciado com o dom da cura e da profecia. Era venerado pelos habitantes, que o consideravam, em vida, um santo. Durante as perseguições aos cristãos, foi capturado e confessou sua fé em Cristo para o próprio imperador Galileu Maximiliano. Por isso sofreu terríveis torturas, que o deixaram sem o olho esquerdo e sem o movimento da perna esquerda, pois lhe cortaram os nervos do joelho. Dessa maneira, foi enviado aos trabalhos forçados nas minas.
Quando as perseguições terminaram e a paz foi concedida à Igreja, Esperidião retornou para sua diocese. Participou do Concílio de Nicéia, no qual debateu as verdades da doutrina cristã com um ilustre filósofo pagão que a insultava, o qual, além de convencido, foi convertido à fé. Também esteve no Concílio de Sardenha, em 347, como um dos zelosos defensores do futuro santo Atanásio, bispo de Alexandria, que no final do evento conseguiu sua reabilitação junto à Igreja.
Todas essas atuações foram relatadas pelo próprio Atanásio, que foi de Esperidião um bom amigo, conforme indicam as cinco cartas de agradecimentos que escreveu a Jerônimo. Esse, agora santo e doutor da Igreja, dedicou a Esperidião um capítulo do seu livro "Homens ilustres".
Esperidião morreu alguns anos após 347, numa data incerta, em sua diocese de Trimitous, na ilha de Chipre. Se já era venerado por sua santidade em vida, a partir de então sua fama propagou-se entre os fiéis, e o tempo só a fez aumentar. No século XV, quando os árabes muçulmanos invadiram e tomaram conta de Chipre, a população abriu sua sepultura para esconder as suas relíquias. Na ocasião, o local foi impregnado por um suave cheiro de basílico, sinal evidente de sua santidade.
Hoje, suas relíquias mortais estão guardadas na igreja de Santo Esperidião, na ilha grega de Cofú. O local se tornou um santuário que recebe peregrinos e devotos do Oriente e do Ocidente. Seu culto foi confirmado pela Igreja, que indicou o dia 14 de dezembro para a festa litúrgica em lembrança à memória de santo Esperidião, bispo de Trimitous. Mas anualmente ele é homenageado com quatro procissões, em sinal de gratidão por suas intercessões na salvação da cidade e dos habitantes em várias situações de calamidades.
Fonte: Comece o dia feliz - Paulinas
Fonte: Comece o dia feliz - Paulinas
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